ESTAÇÃO FIXA "LOBITO"
 




LOCALIZAÇÃO E METODOLOGIA DE OBSERVAÇÃO:

A Estação Fixa "Lobito" foi estabelecida num ponto de coordenadas aproximadas de 12º 12,3'S e 12º 37,4'E, no enfiamento da Bóia Nº1 da entrada da Baía do Lobito e o Farol, em fundo de 40 metros (Fig. 1).
 
As observações efectuaram-se em seis dias por semana, entre as 09:00 HRL e as 09:30 HRL durante o período de 1 de Fevereiro de 1968 a 31 de Outubro de 1975.
 
As observações consistiram na obtenção de um batitermograma, até à profundidade máxima de 35m, e dos valores da temperatura e da salinidade a 0, 10, 20 e 35m, com garrafas NANSEN equipadas com termómetros oceanográficos de inversão. A partir de Janeiro de 1970 obtiveram-se ainda os valores de Oxigénio, Fosfatos e Silicatos inorgânicos dissolvidos na água do mar nos níveis de 0, 20 e 35 m de profundidade.


PROCESSAMENTO E PREPARAÇÃO DOS DADOS BASE:

Os dados base para o estudo da variabilidade hidroclimática na Estação Fixa "Lobito" são constituídos por séries temporais da temperatura e da salinidade nas profundidades de 0, 10, 20 e 35 metros. Em complemento, foram coligidas também séries temporais da temperatura, de 5 em 5 metros desde a superfície até aos 35 metros, obtidos por digitalização de registos batitermográficos (BT mecânico). Finalmente, obtiveram-se ainda séries temporais de oxigénio dissolvido e de fosfatos e nitritos inorgânicos dissolvidos na coluna de água.

Os dados fundamentais de temperatura e salinidade foram obtidos com garrafas tipo "Nansen", equipadas, cada uma, com um par de termómetros oceanográficos de inversão. Das amostras de água recolhidas em cada uma das profundidades observadas obtiveram-se os valores da salinidade utilizando um salinómetro eléctrico de indução calibrado com "água padrão de Copenhague". Os dados de temperatura batitermográfica resultaram da digitalização dos registos de arquivo que se obtiveram seguindo os procedimentos descritos em Afonso-Dias, Oliveira e Mendonça (1974) e Afonso-Dias, Carvalho e Oliveira (1974).

Os valores das temperaturas, em ºC, e das salinidades obtidos nas profundidades padrão de 0, 10, 20 e 35 metros de profundidade, depois de validados, foram tabelados sob a forma de médias semanais, quinzenais
[VER TABELA 1] e mensais para todo o período das observações.

Os valores base para construir os gráficos foram obtidos calculando as médias aritméticas dos valores médios quinzenais relativos ao mesmo mês de cada ano no período indicado.


RESULTADOS PRINCIPAIS:

1. Variabilidade anual média (Temperatura e Salinidade) - Ano médio 1968-1975.

A variação estacional da temperatura e da salinidade, dos 0m aos 35m de profundidade, relativamente ao Ano Médio 1968/1975 (período de sete anos) estão representadas na Fig. 2, (A) e (B) ao lado. Apesar das duas representações serem tecnicamente redundantes, cada uma delas faz ressaltar aspectos diferentes dos mesmos dados, tornando-se, portanto, mais informativas.

 

     

Fig. 2  -  Variação da Temperatura e da Salinidade no Ano Médio 1968/75
(clicar sobre as figuras para ver ampliações)

 
 
 
Os valores médios da temperatura e da salinidade nas profundidades observadas, 0, 10, 20 e 35 m,  [VER TAB. 2] podem ser considerados como valores "normais" de referência daqueles parâmetros para os estudos da respectiva variabilidade de médio e longo prazo da temperatura e da salinidade na parte central da zona costeira de Angola.

O padrão da variabilidade estacional resultante das observações efectuadas na Estação Fixa "Lobito" é formalmente idêntico ao que foi descrito anteriormente por Berrit (1958, 1961) para a Estação Costeira de Ponta-Negra (5º S). Este padrão caracteriza-se pela ocorrência de um máximo de temperatura principal em Fev-Mar-Abr e de um outro secundário em Out-Nov, concomitantes com a ocorrência de um mínimo de salinidade principal e um outro secundário.


2. Variabilidade interanual (no período de 1968 a 1975).

A variabilidade interanual durante o período observado (oito anos) caracterizou-se por diferenças consideráveis nos valores médios quinzenais da temperatura e da salinidade, principalmente durante os meses em que ocorreram, em simultâneo, os máximos de temperatura e mínimos de salinidade, como se pode ver na figura seguinte:

 

 

 

Fig. 3 - Variação da temperatura e da salinidade na coluna de água na Estação Fixa "Lobito"
no período de 1968 a 1975 (médias quinzenais).


(clicar AQUI para ver ampliação)


 

Temperatura Média por mes em cada ano (a 0 e 35 m e média integrada)

  

 

Salinidade Média por mes em cada ano (a 0, 10, 20 e 35 m)

Publicação "Berrit & Dias, 1977"

 

 

3. Variabilidade de curto período.